sexta-feira, 28 de novembro de 2014

POSTAGEM 26: ROBIN Y EL MURCIÉLAGO 4


Em 1948, pelo menos a maioria dos espanhóis simplesmente desconheciam a existência de Batman. Mas não pense que isso é um privilégio dos espanhóis. Lembremos que naquela época “desglobalizada”, sem a internet que se tornou vital para muitos, as notícias e novidades não eram tão difundidas.
Assim, dois jovens decidiram copiar quadro a quadro as aventuras desenhadas por Bob Kane para seu principal personagem, o Batman. Assinavam como Julio Ribera nos desenhos e Walter Benson nos roteiros. Isso se estivermos falando realmente de duas pessoas. Deram à sua cópia o nome de Robin y el Murciélago (Robin e o Morcego).
Mas então, talvez por cansaço ou por não conseguirem mais acesso ao material original, os dois “autores” decidiram criar suas próprias aventuras.
Os espanhóis foram então apresentados às histórias de um Robin ultraviolento, quase sempre portando uma arma de fogo, que frequentemente necessitava ser acalmado pelo seu companheiro, Bat... quer dizer, o Morcego.
Isso mesmo, nessas histórias, o Morcego era o mero companheiro de Robin, o protagonista da revista.
Mas, em algumas aventuras, o Morcego também deixava aflorar seu lado mais psicótico e caia matando, literalmente, em cima dos bandidos. Chegou até a lançar granadas de mão sobre eles.
Bob Kane nunca ficou sabendo do ocorrido, pelo menos à época do plágio. Para ele, talvez, a Espanha fosse um mercado isolado com pouco potencial. Mal sabia ele o que era feito do outro lado do Oceano.
Estou postando a edição de número 4, que talvez seja a mais emblemática da série, onde Robin porta a famosa metralhadora e enche de balas os criminosos. Todos os cadernos da série terminam com um evento dramático, para que o leitor compre a próxima edição, ávido por saber do desfecho da trama. Assim, infelizmente, vai ficar faltando o final da história, pois caso contrário eu teria de postar todas es edições, e este não é o objetivo do blog.

Não tem jeito de não se divertir com essa história. Boa leitura!
 










 






3 comentários:

  1. Com certeza um curioso resgate. Parabéns pelo post.

    Vale lembrar que na época dessas histórias, a Espanha vivia sob o tacão da ditadura fascista do generalíssimo Franco, e era praticamente isolada do mundo. Como parte da política xenófoba do governo, não se publicavam lá histórias estrangeiras. Então plagiar personagens alheios podia ser uma saída, já que só podiam ser publicados quadrinhos espanhóis.

    Assim nem a maioria dos espanhóis sabiam do Batman, quanto a DC não teria como saber o que acontecia lá na Europa. A Espanha era um "mistério". Provavelmente a dupla passou a produzir as próprias histórias pela escassez de material contrabandeado para "piratear".

    A violência dos gibis também se explica pela própria violência do regime. Dificilmente o povo espanhol levaria a sério heróis que não pegassem tão pesado com os criminosos quanto a polícia da época, que literalmente "caia matando". Se Robin e o Morcego não usassem da violência excessiva, poderiam até ser considerados "críticos ao regime", e taí algo que quem quisesse preservar a liberdade (e até a vida) não ia se arriscar a colocar nas páginas de um gibi.

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    1. Ótimo comentário Nano. É sempre bom localizarmos as histórias dentro do período em que foram escritas. Valeu a observação! Um abraço!

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  2. Excelente resgate Marcelo!

    Havia ouvido falar dessas histórias, mas ter pelo menos um aperitivo delas é um verdadeiro tesouro. Concordo com a análise histórica do Nano acima. O mundo era bem diferente na Era de Ouro e o pano de fundo histórico explica muito do que é visto nessas HQs de Robin y EL Murciélago. O interessante é observar que os autores (mesmo sem saber) anteviram um fenômeno que só iria acontecer muitas décadas à frente com a Era Moderna dos Quadrinhos sob a batuta de Frank Miller e Alan Moore ao trazerem um ar mais sombrio e violento aos quadrinhos.

    Um grande abraço Marcelo e aproveitando o ensejo desejo à você e sua família um excelente 2015!!

    Abc!

    Marcelo.

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